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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

BISPOS DO MARANHÃO DENUNCIAM A MISÉRIA E O SOFRIMENTO DAS COMUNIDADES LOCAIS


O Regional Nordeste 5 da CNBB (Maranhão) realizou, entre os dias 12 a 14 de janeiro, a Reunião Anual dos Bispo do Regional, que ocorreu na cidade de Carolina, Sul do Maranhão. A partir de relatórios apresentados durante a reunião, os bispos puderam refletir um pouco mais sobre a realidade do povo maranhense.
No último dia 14 de fevereiro, os bispos escreveram uma carta como síntese dos assuntos debatidos na reunião. Nela [a carta], que é destinada a população do Maranhão, os bispos destacam o sofrimento e o abandono em que vivem uma parte da população do estado. “Fomos tocados por sentimentos de compaixão, pois a dura verdade é que grande parte desse povo continua vivendo em situação de sofrimento e abandono. Não podemos negar que a realidade social e econômica do Maranhão é particularmente dura e iníqua. Como bispos, queremos nos associar àquelas ovelhas que, mesmo ‘no vale das sombras não temem mal algum’, pois, afinal, o Senhor é o único pastor e guarda do rebanho que nos conduz”.

Por outro lado, num dos pontos da carta, os bispo afirmam que a vida intra-eclesial chama a atenção, de maneira positiva, por dois motivos: “Primeiro, em 2010, com a nomeação de cinco novos bispos para o estado, uma terça parte do episcopado maranhense foi renovado, observando que quatro dos cinco nomeados, são de comunidades locais. Segundo, é a constatação que, nas três últimas décadas, como fruto de um trabalho contínuo, verifica-se um aumento significativo do clero local”.

Os bispos destacam o momento de mudanças que devem ser priorizados pelo povo maranhense, como valorizar a educação, a ética e o bem comum. “Para inaugurar um novo momento histórico, precisamos nos educar para um trato totalmente novo, maus ético, com o bem comum. Sentimos que chegou a hora de se fazer uma radical inversão de prioridades e valores. Não podemos deixar que o Estado continue colocando sua estrutura a serviço, quase que exclusivo, dos grandes exportadores de minério, de soja, de sucos e carnes, construindo-lhes as infra-estruturas necessárias para obter sempre maiores dividendos. Ao contrário ou paralelamente a isto, os aparatos do Estado devem estar a serviço da integridade humana de todos os seus cidadãos e cidadãs”, afirmam.

Ao final carta os religiosos pedem que as instituições públicas, que são chamadas a defender os direitos coletivos, não se omitam diante dessa realidade social marcada pela exclusão social que defende apenas os grandes proprietários de terras. “Como pastores, juntamente com as nossas comunidades, Pastorais e Movimentos, queremos apostar no surgimento de uma nova consciência para que o direito e a justiça se unam definitivamente, para que aquelas instituições públicas que são chamadas a defender os direitos coletivos de nosso povo – Ministério Público, Defensoria Pública, Conselhos e outros – não se omitam. E que assim, como fruto deste esforço e compromisso coletivo, ninguém tenha poder de matar os sonhos e os desejos de felicidade de cada criança, de cada mãe e pai, de cada jovem do nosso Estado”.

A carta é assinada pelo bispo de Bacabal, dom Armando Martín Gutierrez; bispo de Zé Doca, dom Carlo Ellena; bispo de Balsas, Enemésio Ângelo Lazzaris; bispo de Grajaú, dom Franco Cuter; bispo de Imperatriz e presidente do Regional, dom Gilberto Pastana de Oliveira; bispo emérito de Bacabal, dom Henrique Johannpoetter; arcebispo de São Luiz do Maranhão, dom José Belisário da Silva; bispo de Carolina, José Soares Filho; bispo de Brejo, José Valdeci Santos Mendes; bispo de Pinheiro, Ricardo Pedro Paglia; bispo de Coroatá, Sebastião bandeira Coêlho; bispo de Viana, Sebastião Lima Duarte; bispo de Caxias, dom Vilson Basso e o bispo emérito de Viana, dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges.


Noticía disponível no sitio: Dom Total e no portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: www.cnbb.org.br

BEATIFICAÇÃO DE CORPO PRESENTE



"A sala de Imprensa da Santa Sé anunciou que o corpo de João Paulo II poderá ser venerado pelos fiéis na Basílica de São Pedro no dia da beatificação do Pontífice, que será no dia 1º de maio.

A notícia é do sítio Religión Digital, 18-02-2011. A tradução é de Anne Ledur e revisada pela IHU On-Line.

Além disso, o porta-voz da Santa Sé, o padre Federico Lombardi, anunciou que a diocese de Roma organizará uma vigília no próximo dia 20 de abril, das 20h às 22h30, que será presidida pelo Vigário Geral do Papa para a diocese de Roma, o cardeal Agostino Vallini. Bento XVI se unirá espiritualmente à vigília através de um vídeo transmitido pelas telas que estarão distribuídas por toda a cidade.

A celebração da beatificação começará às 10h, na Praça de São Pedro e será presidida por Bento XVI.

Depois da beatificação, os fiéis que desejarem poderão venerar o corpo de João Paulo II na Basílica de São Pedro, diante do Altar da Confissão. Segundo explicou o padre Federico Lombardi, as portas da Basílica não se fecharão até que termine o fluxo de fiéis que queiram venerar o corpo de Karol Wojtyla.


No dia 2 de maio, aniversário de falecimento do Pontífice, o Secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, celebrará uma missa de Ação de Graças, às 10h30 da manhã, na Praça de São Pedro.

Também, depois da beatificação, os restos do Pontífice serão trasladados de forma privada à Capela de São Sebastião, para que possa ser venerado pelos fiéis. A Capela de São Sebastião se encontra ao lado da escultura Pietà, de Michelangelo, na Basílica de São Pedro.

A direção da Casa Pontifícia afirma que tem sido informada que algumas páginas de internet estão vendendo supostos bilhetes para as audiências e cerimônias pontifícias, “em particular, para a beatificação de João Paulo II”, mas assegura que “não serão necessários bilhetes” para assistir à cerimônia e lembrou que os convites entregues por esse organismo para as cerimônias pontifícias “são sempre gratuitos” e que nenhuma pessoa “fisica ou jurídica” está autorizada a vendê-los."


Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40771

domingo, 27 de fevereiro de 2011



Encontra-se disponível no Sitio da CNBB um estudo que traz um diagnóstico sobre a violência contra os jovens brasileiros no ano de 2010.
Este estudo foi elaborado pelo Instituto Sangari, em parceria com o Ministério da Justiça. Ele mostra como a violência tem levado à morte os jovens brasileiros, tanto nos grandes centros como nas cidades do interior.
O estudo foi coordenado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz,o estudo servirá de subsídio a políticas públicas de enfrentamento à violência. O estudo, que tem como fonte os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, aponta o crescimento das mortes de jovens por homicídio, acidentes de trânsito e suicídio.

Veja mais no Site da CNBB: www.cnbb.org.br

MÁRTIR DA NÃO VIOLÊNCIA


Estávamos em missão no povoado de Mutuns, a aproximadamente 25km da BR-402. Éramos mais de trezentos delegados vindo das 56 igrejas (comunidades) que constituem a Paróquia São José do Periá de Humberto de Campos, da Forania São Benedito. Durante três dias iríamos refletir na XXII Assembléia de Pastoral daquela região o tema “Missão e Mística na Paróquia de Humberto de Campos” e o lema “É Missão de Todos Nós”.
Fui convidado por padre Bernardo e padre Ribamar para ser facilitador daquele encontro com a finalidade de nos preparar para os 400 anos de evangelização da Igreja no Maranhão. Foi uma oportunidade para estudo do Documento de Aparecida, de juntos redescobrirmos nossa identidade missionária.
No inicio do encontro, dia 19 de novembro, com muita animação e mística, o evangelho teve seu eco nas palavras do Pe. Bernardo. Entre os tambores e atabaques celebramos o Mistério de Jesus Cristo. A alegria e o entusiasmo do neo- presbítero me impressionava, pois aquilo que ele tanto almejou, isto é, ser sacerdote do Senhor, tinha alcançado.
No dia seguinte, celebrávamos o Dia Internacional dos Direitos da Criança e Dia Nacional da Consciência Negra, por lembrar o martírio de Zumbi dos Palmares em 1695. Este dia foi marcado pela manhã com celebrações e animações. Vivemos os últimos momentos com o Pe. Bernardo. Durante a tarde estávamos em espírito de animação quando recebemos a triste notícia... Não sentimos o chão quando recebemos à noite a noticia que Pe. Bernardo havia partido para a casa do Pai, se tornando mártir da não violência. Não queria estar em mim naquele momento...
Então vou falar da alegria de conhecer o padre Bernardo. Eu o conheci em 2002 no seminário cura D´Ars, hoje Seminário de Filosofia da Arquidiocese. Lembro que ao conhecê-lo ele falava para um grupo de colegas vocacionados da sua magnífica experiência entre os jesuítas ao convite do Pe. Luigi Muraro, pois tinha sido seminarista jesuíta por alguns tempos trabalhando junto com os posseiros e agricultores de um dos estados do nordeste que não me recordo no momento.
Tive a chance de conviver com o padre Bernardo durante cinco anos no Seminário Santo Antônio. Trabalhamos juntos em dupla missionária entre os anos de 2005 a 2006. Nesse período fizemos nosso estágio pastoral na “Quase Paróquia” de Nossa Senhora de Boa Viagem, área industrial da Ilha de São Luís. Em especial fomos companheiros de pastoral nos bairros: Nova República, Poeirão, Rio Grande, Residencial 2000, Coqueiro e Estiva. Esse tempo fortaleceu nossa amizade, pois o amor pela pastoral e pela Igreja nos fez mais irmãos. Nessa época tínhamos desentendimentos pastorais, mas isso nos deixou mais amigos. Vivemos assim as fortes palavras de Dom Elder Câmara quando dizia “a diferença não me empobrece, mas sempre me enriquece e me enaltece”. Aprendi várias coisas junto ao padre Bernardo, sobretudo o zelo pela pastoral. Era amigo de todos e como sabia conviver fraternalmente e chamar a juventude para o Senhor! Era verdadeiro com aquilo que fazia, pois sabia que a realidade desafiante da Igreja Particular precisava de homens que fossem verdadeiramente cristãos. Uma das grandes características de padre Bernardo era a de ser articulador e íntegro naquilo que acreditava.
Amava a Igreja Particular do Maranhão, principalmente as paróquias da área rural pelas quais tinha grande carinho e dedicação. Entre os seminaristas, era um dos mais dispostos para o trabalho pastoral. Não encontrava dificuldade com o serviço para o qual era chamado. Estimava a cultura maranhense, em especial tinha um grande amor pelo Boi de Morros, pois nos anos 90 tinha participado como membro. Era o responsável pelo esporte do Seminário, foi um dos melhores jogadores do time SASA (Seminário Arquidiocesano Santo Antônio). Em padre Bernardo era presente aquilo que os gregos diziam “educar o espírito e o corpo”. Vestia a camisa do Flamengo, seu time do coração, e como todo jovem, gostava de comentar sobre futebol.
Por ser verdadeiro, muitas vezes era criticado por seus próprios colegas. Tinha uma “personalidade forte” em dizer aquilo que pensava. Era livre com as palavras e as atitudes, exemplo máximo para aqueles que acreditam que é preciso ser sempre cristão. Em Pe. Bernardo percebemos que para ser padre não há necessidade de muitas coisas extraordinárias ou fabulosas, não é preciso se clericalizar, nem tampouco se europeizar ou se romanizar, mas é preciso apenas ser entranhado na realidade maranhense tão sofrida. É preciso, sobretudo, ser íntegro e verdadeiro com aquilo que a Santa Mãe Igreja nos pede hoje, principalmente com as exigências do evangelho. Padre Bernardo estava em inicio do seu ministério, planejava ficar onde a Igreja lhe enviasse. Se ficasse na capital, planejava se dedicar aos estudos jurídicos, acreditava que isso lhe ajudaria em seu ministério.
Em menos de seis meses a Igreja Particular de São Luís sofre duas grandes perdas: o primeiro de ordenação marcada, MÁRIO DAYVIT. O segundo, um neo- presbítero de dois meses e quinze dias de ordenado, PADRE BERNARDO. Ambos foram vítimas da violência e da falta de segurança pública. A primeira vítima foi na capital, o segundo foi vitima no interior. A violência se alastra em toda sociedade, sejam centros urbanos, sejam nas áreas periféricas ou rurais. É hora de sermos profetas missionários! O sangue desses mártires clama por justiça! Se calarmos, as pedras falarão!

Marcio dos Santos Rabelo
Disponível em: http://www.arquidiocesedesaoluis.com.br/2011/2/25/martir-da-nao-violencia-1147.htm